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Hemangiossarcoma em cão



Espécie: Canina
Raça: Pit Bull
Nome: Pity
Sexo: Macho
Idade: 7 anos

Histórico: Animal chegou ao Hospital Veterinário com problemas oftálmicos (úlcera, fotofobia e blefaroespasmo) e com aumento de volume dos linfonodos inguinais. Este animal tinha histórico de já ter sido submetido a uma cirurgia para remoção de dois nódulos na região do prepúcio

Suspeita clínica: Neoplasia.

Exames Realizados: Hemograma, Bioquímico (ALT e Creatinina), Ultrassonografia, punção da bexiga (Urinálise), baço e linfonodo inguinal.

Resultado dos Exames: Hemograma indicou um índice plaquetario abaixo do normal, bem como o hematócrito que também estava abaixo da normalidade. Não houve alterações em bioquímico. Ultrassom revelou alterações em baço e região próxima ao pênis (sugestivo de neoplasia). A punção do baço indicou a presença de células neoplásicas sugestivas de hemangiossarcoma. Já a punção dos linfonodos inguinais revelou a presença de células neoplásicas inespecíficas.

Diagnóstico: Hemangiossarcoma (?)

Tratamento: Cirúrgico, remoção do baço, aonde iria se realizar a biópsia para confirmar o tipo de célula neoplásica, para um tratamento adequado. Também seria removido os linfonodos inguinais. Mas devido a suspeita de ehrlichiose ou babesiose, ou até mesmo as duas concomitantemente, o animal iniciou o seguinte tratamento: Atropina + Imizol (repetir após 15 dias), Doxiciclina BID, por 28 dias e Ranitidina BID, 30 minutos antes do antibiótico.

Obs.: A cirurgia havia sido marcada pelo setor de clinica cirúrgica de pequenos animais, mas dias antes o animal apresentou uma piora e o proprietário optou pela realização da eutanásia em uma clinica particular.


• Hemangiossarcoma em cães

Hemangiossarcomas (HSAs, hemangioendoteliomas, angiossarcomas) são neoplasmas malignos originários do endotélio vascular. Eles ocorrem, predominantemente, em cães idosos (8 a 10 anos de idade) e em machos; Pastores Alemães e Golden Retrievers apresentam alto risco para esse neoplasma.

O baço, o átrio direito e o tecido subcutâneo são os locais envolvidos mais comuns no momento da apresentação. Aproximadamente 50% dos tumores se originam no baço, 25% no átrio direito, 13% no tecido subcutâneo, 5% no fígado, 5% no fígado-baço-átrio direito e 1% a 2% simultaneamente em outros órgãos (rim, bexiga, osso, língua, próstata).

De modo geral, o comportamento biológico desse neoplasma é altamente agressivo, e a maioria das formas anatômicas do tumor infiltram e metastatizam precocemente na doença. A exceção é constituída pelos HSAs dérmico e conjuntival primários ou da terceira pálpebra, que possuem baixo potencial metastático.

Aspectos Clínicos e Clinicopatológicos:

A natureza das queixas dos proprietários e os sinais clínicos à apresentação estão geralmente relacionados com o sítio de origem do tumor primário; à presença ou ausência de lesões metastáticas; e ao desenvolvimento de ruptura espontânea do tumor, coagulopatias, ou arritmias.

Dois problemas comuns em cães com HSA, independentemente do sítio primário ou do estágio, são anemia e hemorragia espontânea. A anemia geralmente resulta de hemorragia intracavitária ou hemólise microangiopática (HMA), enquanto a hemorragia espontânea é geralmente causada por coagulação intravascular disseminada (CID) ou trombocitopenia secundária à HMA.

Um estudo revelou incidência de 46,7% de CID em cães com HSA. Valor superior quando comparado a outras neoplasias.

A causa desta neoplasia ainda não foi esclarecida, entretanto, relatos em humanos mostram sua associação com exposição ao dióxido de tório, aos arsênicos e ao cloreto de vinil. Sabe-se que em cães está relacionado a exposição à luz ultravioleta em indivíduos com pele menos pigmentada ou com pelos mais rarefeitos.

Relação com a CID:

Sabe-se que qualquer aumento da viscosidade do sangue tende a promover a trombose. Este fenômeno que pode ocorrer na região de tumor sólido, e se origina das adesões e agregações plaquetarias induzidas pelo tumor.
Os tumores que liberam grande quantidade de procoagulantes (caso do hemangiossarcoma) podem causar a coagulação intravascular disseminada – causando morte pela obstrução do glomérulos renais por trombos.

Diagnóstico:

Os hemangiossarcomas podem ser diagnosticados citologicamente com base nos aspirados por agulha fina (AAF) ou esfregaços de impressão.
Em geral um diagnóstico clínico ou citológico presuntivo de HSA deve ser confirmado histopatologicamente. Devido ao tamanho grande de alguns HSAs esplênicos, porém, várias amostras (de áreas morfologicamente diferentes) devem ser submetidas em um fixador apropriado. Histoquimicamente, as células do HSA são positivas para o antígeno do fator de von Willebrand em aproximadamente 90% dos casos; CD31 é um marcador relativamente novo para a origem endotelial, positivo na maioria dos HSAs.

Os locais de metástase podem ser detectados radiograficamente, por ultrassonografia ou tomografia computadorizada.

Radiografias torácicas de cães com HSA metastático são tipicamente caracterizadas pela presença de infiltrados intersticiais ou alveolares, ao contrário das lesões metastáticas denominadas “balas de canhão” vistas em outros tumores. O padrão radiográfico pode ser devido a metástases verdadeiras ou a CID e hemorragia intrapulmonar ou síndrome da angústia respiratória do adulto (SARA).

A ultrassonografia constitui uma maneira confiável de avaliar cães com suspeita de HSA ou HSA confirmado de localização intra-abdominal. As lesões neoplásicas aparecem como nódulos com ecogenicidade variável, de anecoicos a hiperecoicos.

Tratamento e Prognóstico:

Historicamente, o pilar do tratamento de cães com HSA tem sido a cirurgia, embora os resultados tenham sido ruins. Os tempos de sobrevida variam com a localização e o estágio do tumor, mas, em gral (exceto nos HSAs dérmicos e conjuntival ou da terceira pálpebra) são bastante curtos (aproximadamente 20 a 60 dias, com sobrevida de 1 ano menor que 10%). Os resultados do tratamento que combina cirurgia e quimioterapia adjuvante pós-operatória com doxorrubicina; doxorrubicina e ciclofosfamida (protocolo AC), e vincristina, doxorrubicina e ciclofosfamida (protocolo VAC) são melhores do que somente a cirurgia. Os tempos medianos de sobrevida variam de 140 a 202 dias.



Referência Bibliográfica

Nelson, R., Couto, G. Medicina Interna de pequenos animais. Edit. Elsevier. 4 ed. Rio de Janeiro. Cap 82, pg. 1197 - 1199, 2010.


Reprodução/Publicação PROIBIDA.

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